
Onde aquilo tudo acaba, começo eu. Faço minha parte, pinto, bordo e até costuro que é pra o que não deve não ousar entrar.
Deixa acabar o mundo, deixa.
Que é onde todo mundo pensa em saída que eu realizo o começo com mais espaço.
O mundo é meu.
Sem sensuras ou segredos. Sem reservas e rascunhos. O lado de dentro visto do espelho. Gritando poesias, vivendo poesias, intimamente.
Agora no Messenger uma amiga me disse: vamos falar de coisa boa, por favor? Foi aí que caí na real e percebi quanta merda tenho falado, pensado, jogado no vento. Entrei num círculo de merda, num mundo de merda, tô numa vida de merda. E logo eu? que com o sorriso estampado passava e escondia a minha solidão junto com o gloss na bolsa. Eu, que tinha medo da pena que poderiam sentir. Medo dessa pena ganhar de todas as penas que já tinha a minha alma. Euzinha, que fugia da minha tristeza, batia a porta e saía pra night?
Será que toda mulher forte teria dentro de si uma princesa frágil querendo ser salva? E se o príncipe não beijasse a bela adormecida? Ela estaria dormindo até hoje? Ou ela despertaria dali alguns anos, procuraria um salão de beleza e engravidaria graças a um banco de espermas?
Será mesmo que toda mulher está à procura? Será esse o motivo da escassez dos príncipes encantados? Mas, se assim for, posso afirmar que tem uma a menos nessa batalha. Não quero mais ser toda essa fragilidade. Quero que exploda todo o romantismo que me rodeava. Quero esquecer as noites mal dormidas e o rio infinito de água com sal que derramei ao meu travesseiro. Mando à merda tudo o que esperei até agora e coloco no liquidificador todo e qualquer sentimento que eu tenho o direito de sentir, pra ali, eles todos se misturarem e se transformarem mesmo em uma coisa só, junta, homogênea, incapaz de se separarem de novo. Porque agora, babe, o momento é meu!
Meu coração não vai borrar a minha maquiagem tão fácil assim.
Chega dessa merda toda que me entristecia.
Descarga nela que tirava o meu brilho.
É tão mais bonito quando o sol vem me ver. Abrirei a janela de vez pra ele entrar.
E se pensam que o amor morreu em mim... digo: 'no way, honey'. Os amores que virão, ah! esses serão sempre possíveis.
[Só não preciso mais esperar por eles]
Vez ou outra sou tomada pela minha maré surtada de sentimentalidade e aí não tem chazinho, chocolatezinho, Jumpzinho que faça as ondas ficarem brandas e nada ameaçadoras.
Sempre que estou triste por saber que um dia vou morrer, ou tão agitada que não consigo dormir, ou nervosa mas sem disponibilidade para o cigarro, ou gostando de alguém que não vou ver durante algumas semanas, eu desço até o fundo de mim mesma, e depois penso: "vou tomar um banho quente". É ele, o banho. Ele sim é um remédio pra alma, pro corpo, pro músculo vermelho, calejado e involuntário. Isso é o que faz aquele papo de co-existência fazer mesmo sentido. E essa história do banho quente é mesmo tão verdadeira que chega a ser profunda, profunda tal, que há dias em que não existe pinto que o supere. Falando em pinto, minha melhor amiga 'resolveu' (assim mesmo, como um passe de mágica) tirar um namorado da manga, da cartola, do Goiás, sei lá de onde, e isso certamente indica que ela terá um pinto pra todas as horas, aquele pinto fixo que não importa se você está de calcinha bege e furada, ele tem que te traçar de qualquer jeito e ainda manter o famoso clichê do sexo "abraçadinhos bem juntinhos depois", mesmo que a maior vontade seja virar pro lado ou vestir a cueca, mas independente de todo esse fator genital, ela vai ter um bom-humor contínuo, uma graça freqüente, um estado permanente de glória. É o fim das suas neuras e enxaqueca. Sei que a companheira dos bombons da faculdade vai continuar morando dentro dela, mas eu tenho certeza que vou ter que tomar mais banhos quentes...
Não tenho curiosidade sobre as suas inseguranças. Eu quero mesmo é ter você seguro forte e meu. Não quero saber se a nossa distância queima ou se é por ela que a gente aprecia os segundos apressados. Eu só quero saber de nós e de todo o nosso conjunto. Não quero saber de migalhas, migalhas desse seu pão não me interessam não me interessam. Quero todo o nosso inteiro, todos os lados, as beiradas e o recheio.
Quero me colar em você e provar do seu fruto. Lambuzar do sabor que for sabor de boca, de verdade, vontade, nicotina.
Bem que a gente podia ir além. Considerar. Pular a linha, perder a linha. Razoavelmente pelas nossas linhas tortas mesmo, que dá toda a nossa graça, o nosso ritmo, que faz ter sentido. Naquela coisa de paciência, de esperança de um novo encontro, naquela coisa de entrega, loucura, naquelas coisas de casal.
Já que voltou, então agora fique. Me faça companhia, vem pra dormir do meu lado. Já que eu deixei voltar, então agora quero que fique, por que já não somos os mesmos sem nós. Já que disse que sou sua mesmo e que ouvi as suas propostas indecentes, então droga, custa ficar? Arranje um caminho mais fácil e fica. Deixa toda essa merda de falta de ordem, transforma a nossa falta em paixão e deixa eu te dar os banhos que eu prometi receber as suas promessas, rir e fingir que vai ser tudo pra sempre.
Mas você me deixa com a estranha sensação de que fica tudo bem sem mim...
E bem agora que tinha preparado a nossa cama no meu coração?